Sábado, 19 de abril de 2025
Redenção

Pesquisador brasileiro descobriu um dos manuscritos mais antigos sobre a infância de Jesus

Textos históricos que registraram o começo do cristianismo foram levados em massa de regiões no Oriente Médio e Egito para a Europa no fim do século 19 e começo do século 20.

Parte desses documentos escritos em línguas que não são mais faladas, como o latim e o grego antigo, ainda não foi analisada, inclusive um papiro com cerca de 1,6 mil anos que, recentemente, foi identificado como o texto mais antigo sobre a infância de Jesus Cristo.

Um dos pesquisadores que reconheceu o texto é o brasileiro Gabriel Nocchi Macedo, que é professor da Universidade de Liège, na Bélgica.

Nocchi Macedo é de Porto Alegre, mas se mudou para a Bélgica há 20 anos, onde estudou letras clássicas e se especializou em papirologia, a ciência que estuda papiros antigos. Hoje, o gaúcho dá aulas sobre isso.

“O essencial do trabalho é consultar papiros em diferentes coleções e museus”, afirma. Foi dessa forma que ele e um colega descobriram o texto sobre a infância de Jesus.

“Por acidente, quase, por sorte, estávamos olhando fotos dos papiros da Universidade de Hamburgo, que foi digitalizada, e encontramos o papiro, lemos o texto (que está escrito em grego antigo) e identificamos como uma passagem sobre a vida de Jesus”, ele conta.

O mérito de Nocchi Macedo e o colega, Lajos Berkes, é ter dado atenção a um documento que é um “patinho feio”, segundo o próprio pesquisador: “É um papiro pequeno, não é bonito e está mutilado. Registros assim podem trazer muita informação e contribuir com nosso conhecimento do passado. Todas as fontes, mesmo que ‘menores’ e ‘feias’, podem ser importantes”, diz ele.

(Por Felipe Gutierrez, g1/Foto: Reprodução/Staats- und Universitätsbibliothek Hamburg/Public Domain)