Quinta-feira, 19 de setembro de 2024
Redenção

Pesquisadores descobrem novo antídoto para picadas de najas

Pesquisadores anunciaram nesta quarta-feira (17) a descoberta de que um anticoagulante comumente utilizado na medicina (a heparina) pode ser aplicado como um antídoto acessível e eficaz para picadas de cobra naja.

A descoberta foi anunciada por cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, num artigo publicado na revista “Science Translational Medicine”. Segundo os pesquisadores, o achado pode reduzir lesões e amputações e oferecer um tratamento mais acessível.

No Brasil, o Instituto Butantan é o principal produtor de soros, que são medicamentos usados para neutralizar os efeitos das picadas de serpentes venenosas. Cada soro é específico para o gênero de serpente, sendo produzido a partir do seu veneno. Como as najas não são nativas do Brasil, o antiveneno para essas serpentes não é fabricado aqui.

Por isso, o Instituto Butantan, que mantém algumas najas para pesquisa e exposição, importa um número limitado de ampolas de soro para uso em caso de acidentes de trabalho com os profissionais que cuidam dessas serpentes. Em outros países, porém, cobras naja matam milhares de pessoas por ano e cerca de cem mil sofrem ferimentos graves causados pela necrose – a morte de tecido e células do corpo – provocada pelo veneno, o que pode levar à amputação.

A pesquisa utilizou a tecnologia CRISPR (ferramenta que consegue editar o DNA) para identificar genes humanos essenciais para a ação do veneno de cobra, focando nas enzimas necessárias para a produção de heparina. Isso permitiu aos cientistas adaptar a heparina e moléculas relacionadas como um antídoto eficaz contra a necrose causada por mordidas de cobra.

(Por Roberto Peixoto – G1. Foto: Centre for Tropical Medicine. ©Simon Townsley)