A delação premiada de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, executado no Aeroporto Internacional de São Paulo na sexta-feira (8), cita como supostos corruptos policiais civis de dois departamentos importantes da Polícia Civil e de dois distritos policiais da Zona Leste da capital paulista.
Em sua colaboração, homologada (aceita) pela Justiça, ele também entrega esquemas de lavagem de dinheiro da facção criminosa PCC.
No documento, obtido na íntegra pela reportagem, os setores da polícia mencionados são o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), dois dos mais relevantes da corporação. Já as delegacias citadas são o 24º DP (Ermelino Matarazzo) e o 30º DP (Tatuapé).
Na delação, Gritzbach explica que o envolvimento do 30º DP e do 24º DP no caso se deu porque a equipe de um distrito foi transferida para outra delegacia, levando consigo os esquemas criminosos.
Segundo os promotores, as condutas dos policiais configuram, em tese, os crimes de concussão (extorsão cometida por agentes públicos), corrupção passiva, associação criminosa, entre outros.
Em entrevista à imprensa na segunda-feira (11), o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que os policiais civis citados na delação serão afastados, mas não detalhes sobre quem ou quantos são.
Em março, o empresário fechou o acordo de delação premiada com o MP com a promessa de entregar informações sobre o PCC e crimes cometidos por policiais.
Gritzbach acusou um delegado do DHPP de exigir dinheiro para não o implicar no assassinato do Cara Preta.
Além disso, forneceu informações que levaram à prisão de dois policiais civis que trabalharam no Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
A SSP criou uma força-tarefa para investigar a execução, que será coordenada pelo secretário-executivo da SSP, delegado Osvaldo Nico Gonçalves.
Ainda segundo Derrite, dentro do veículo utilizado pelos suspeitos, foi encontrado um galão de gasolina. A investigação apura que eles iriam incendiar o carro.
O material genético encontrado no Gol também já foi coletado e passará por análise. A polícia também busca por imagens de câmeras de segurança para refazer o trajeto do carro e, verificar se os suspeitos usaram um outro veículo para fugir. Segundo testemunhas, a informação é que eles fugiram a pé.
(Por Léo Arcoverde, TV Globo e g1 SP — São Paulo. Foto: Montagem/g1/Reprodução/TV Globo)