A Polícia Federal (PF) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final de 884 páginas referente à investigação sobre o plano de golpe de Estado no Brasil. O documento identifica o ex-presidente Jair Bolsonaro como “líder” de uma organização criminosa composta por 37 pessoas, cujo objetivo seria mantê-lo na Presidência após a derrota nas eleições de 2022.
Bolsonaro e os núcleos de atuação
O relatório destaca que Bolsonaro “permeou por todos os núcleos” da organização criminosa, transitando diretamente em áreas estratégicas. A investigação detalha a existência de seis núcleos operacionais, com diferentes funções:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral – Encarregado de minar a credibilidade do processo eleitoral;
- Núcleo de Incitação Militar ao Golpe de Estado – Responsável por tentar angariar apoio de membros das Forças Armadas;
- Núcleo Jurídico – Focado em ações legais para justificar atos golpistas;
- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas – Encarregado da logística e suporte;
- Núcleo de Inteligência Paralela – Dedicado à obtenção de informações para viabilizar as ações;
- Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas – Responsável pela execução de ações planejadas.
De acordo com o relatório, o ex-presidente atuou diretamente no Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral, sendo apontado como um dos principais responsáveis por ações que buscavam desacreditar o sistema democrático.
Indiciamentos
Após quase dois anos de investigação, a PF indiciou Bolsonaro e outros 36 suspeitos, incluindo ex-ministros de seu governo, como Anderson Torres (Justiça), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Braga Netto (Defesa e Casa Civil). Entre os indiciados também estão o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente.
O inquérito abrange uma série de ações, incluindo os ataques de 8 de janeiro, a formulação de tramas golpistas durante as eleições presidenciais de 2022 e o plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Defesa de Bolsonaro
Bolsonaro se pronunciou sobre o relatório em suas redes sociais. “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, afirmou o ex-presidente.
Bolsonaro declarou ainda que aguardará análise de seus advogados e que a luta jurídica deve começar na Procuradoria-Geral da República (PGR). “Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, completou.
O relatório segue agora para avaliação no STF e será analisado pela PGR, que decidirá os próximos passos no processo.
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