Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Redenção

Brasil não tem política de acolhimento para pessoas deportadas

Ainda que detentor de uma política migratória cujas linhas gerais são elogiadas internacionalmente, o Brasil não possui um plano para os seus cidadãos que emigraram e foram forçados a voltar para casa: os deportados.

O tema ganhou projeção com a promessa de Donald Trump de que a expulsão de imigrantes em situação irregular será o mote de seu novo governo nos Estados Unidos, mas não era de menor relevância, mesmo que passasse por baixo dos holofotes. Ao longo dos últimos quatro anos, o Brasil recebeu mais de 7.100 deportados dos EUA.

Países como México, Guatemala e Honduras, que historicamente recebem um volume de compatriotas deportados muito superior ao do Brasil, já possuem políticas de acolhimento e reinserção dos imigrantes.

Neste mês, diante das ameaças vindas de Washington, os governos dessas nações anunciaram a ampliação e a diversificação de seus projetos na área.

Ainda que detentor de uma política migratória cujas linhas gerais são elogiadas internacionalmente, o Brasil não possui um plano para os seus cidadãos que emigraram e foram forçados a voltar para casa: os deportados.

Agora, o governo Lula (PT), que fez uma publicação recente nas redes sociais afirmando que deportados “são dignos de respeito”, corre para pensar em ações paliativas. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, está puxando a iniciativa na gestão.

Ao chegar ao Brasil em voos fretados pelos EUA e normalmente pelo Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais -já que há uma emigração histórica de mineiros para os Estados Unidos-, os deportados passam pelo controle da Polícia Federal (PF), de praxe para qualquer cidadão, e não costumam receber apoio.

É um tema sensível em especial pela insistência na migração. Pessoas que chegam ao país sem perspectiva de reconstruir a vida na terra natal, e muitas delas após anos nos Estados Unidos, não incomumente tentam novamente emigrar com a ajuda de coiotes. Há um impacto material, mas também de caráter psíquico em suas vidas.

Mesmo cidades que historicamente são polos exportadores de mão de obra (e, assim, também são destino comum de deportados), como a mineira Governador Valadares, não possuem uma política específica. Quando a gestão do município foi questionada sobre o tema, disse que vai “aguardar essa chegada” para analisar “os próximos passos”.

(MAYARA PAIXÃO/BUENOS AIRES, ARGENTINA/FOLHAPRESS; Foto: Gov AM/Divulgação)