O economista Gabriel Galípolo passou por seguidos testes políticos até chegar ao cargo de presidente do Banco Central. Ele arrancou gargalhadas do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é conhecido por muita coisa, mas não pelo bom humor.
Ganhou a confiança do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de quem viria a ser número 2 por alguns meses. E, mais improvável de tudo, conquistou a oposição.
Tanto assim que ao ser indicado presidente do Banco Central, até o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) votou nele e, não contente, o elogiou publicamente em conversa com o UOL.
“Ele entendeu o jogo [da política]. Ele entendeu que tem algumas deferências que têm que ser feitas, algumas firmezas que são inegociáveis”, disse Bilenky.
Segundo a jornalista, a habilidade de articulação de Galípolo, típica de um animal político, já fazia parte dele muito antes, mas foi em momentos como na transição de governo que ela começou a aparecer com força e se tornou fundamental para o economista.
Com graduação e mestrado pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), ele transitou por ambientes diversos ao longo da carreira.
O presidente do Banco Central frequentou grupos de estudos na casa de Luiz Gonzaga Belluzzo, economista de referência da esquerda brasileira. Foi presidente de banco na Faria Lima, no coração do pensamento ortodoxo. Trabalhou na gestão do tucano José Serra no Estado de São Paulo e colaborou com o programa de governo do petista Aloizio Mercadante.
Com essa formação, caiu nas graças do presidente Lula em 2021, quando o petista precisava de uma interlocução qualificada com o mercado financeiro. Eles se conheceram pelo Zoom durante a pandemia e a relação se estreitou à medida que a campanha presidencial se aproximava. Quando Lula venceu e se mudou para Brasília, Galípolo, que já estava bem posicionado, provou sua vocação política.
O primeiro mês de Galípolo na presidência do Banco Central foi acompanhado com atenção pelo mercado financeiro. Em sua estreia no comando da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), na última quarta-feira (29), os nove membros decidiram, de forma unânime, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
(Do UOL, em São Paulo. Imagem: LinkedIn)