Domingo, 13 de abril de 2025
Redenção

PA: Mineração contamina 100% das crianças do povo xikrin com metais pesados

Com apenas um ano de idade, um bebê da etnia xikirin do cateté tem em seu corpo seis elementos químicos em níveis prejudiciais à saúde, com destaque para a presença de manganês 6.600% acima do máximo tolerado pelo ser humano.

Um relatório produzido pelo Grupo de Tratamento de Minérios, Energia e Meio Ambiente da UFPA (Universidade Federal do Pará) traz outros dados alarmantes: exames apontaram que todas as 121 crianças de um a 10 anos testadas estão com um ou mais metais em teores excessivos e perigosos à saúde.

A alta quantidade de metais e concentração excessiva nos organismos dos bebês xikrins de apenas 1 ano de idade, sugere que a infecção ocorre desde a gestação e pode estar.

O povo xikrin do cateté é formado por 1,6 mil pessoas espalhadas em 21 aldeias na Amazônia paraense. O estudo indica que eles são afetados diretamente pela mineração da Vale, apontada pelos pesquisadores como poluidora do rio Cateté. A empresa nega que suas operações sejam fonte de contaminação.

Com base no relatório, o MPF (Ministério Público Federal) entrou no último dia 21 com ação contra a Vale, União e governo do Pará, para que adotem medidas reparadoras e de compensação pelos danos aos indígenas.

O relatório aponta que as crianças correm o risco de sofrer com mau funcionamento dos rins por causa do excesso da presença dos elementos em seus corpos. “Se não houver intervenção médica especializada, estarão fadadas a sofrerem com vários tipos de doenças deletérias”, afirma o estudo.

(Carlos MadeiroColunista do UOL. Aldeia do povo Xikirin do Cateté/PA. Imagem: MPF/Reprodução)