Com apenas um ano de idade, um bebê da etnia xikirin do cateté tem em seu corpo seis elementos químicos em níveis prejudiciais à saúde, com destaque para a presença de manganês 6.600% acima do máximo tolerado pelo ser humano.
Um relatório produzido pelo Grupo de Tratamento de Minérios, Energia e Meio Ambiente da UFPA (Universidade Federal do Pará) traz outros dados alarmantes: exames apontaram que todas as 121 crianças de um a 10 anos testadas estão com um ou mais metais em teores excessivos e perigosos à saúde.
A alta quantidade de metais e concentração excessiva nos organismos dos bebês xikrins de apenas 1 ano de idade, sugere que a infecção ocorre desde a gestação e pode estar.
O povo xikrin do cateté é formado por 1,6 mil pessoas espalhadas em 21 aldeias na Amazônia paraense. O estudo indica que eles são afetados diretamente pela mineração da Vale, apontada pelos pesquisadores como poluidora do rio Cateté. A empresa nega que suas operações sejam fonte de contaminação.
Com base no relatório, o MPF (Ministério Público Federal) entrou no último dia 21 com ação contra a Vale, União e governo do Pará, para que adotem medidas reparadoras e de compensação pelos danos aos indígenas.
O relatório aponta que as crianças correm o risco de sofrer com mau funcionamento dos rins por causa do excesso da presença dos elementos em seus corpos. “Se não houver intervenção médica especializada, estarão fadadas a sofrerem com vários tipos de doenças deletérias”, afirma o estudo.
(Carlos MadeiroColunista do UOL. Aldeia do povo Xikirin do Cateté/PA. Imagem: MPF/Reprodução)