Sábado, 12 de abril de 2025
Redenção

Região Norte sai de seca histórica para enchentes em menos de 6 meses

Em menos de 6 meses, o rio Madeira saiu do menor nível da história, quando chegou a 19 centímetros de profundidade em Porto Velho (RO), em outubro do ano passado, e subiu para 16,67 metros nesta sexta-feira (4). A mudança brusca de cenário, que já afeta quase 9 mil pessoas, é resultado do Inverno Amazônico, quando as chuvas se intensificam em toda a região Norte.

Mas o que é o Inverno Amazônico? É mais ou menos quando começa o verão no Hemisfério Sul, no final do ano, que as chuvas ganham força na região Norte – e duram até maio. O fenômeno é causado pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), uma faixa de nuvens que se forma na região equatorial do planeta a partir dos ventos alísios, que sopram dos hemisférios Norte e Sul. Quanto mais intenso for esse sistema meteorológico, maior é o volume de chuva.

É comum que os rios da região enfrentem cheias durante esse período, já que a quantidade de chuva que cai nas bacias é o que determina o quanto o rio vai subir ou descer. O que tem preocupado os especialistas, no entanto, é que essas oscilações vêm se tornando cada vez mais extremas e frequentes.

“Essas variações extremas, embora já tenham ocorrido no passado, sugerem uma aceleração do ciclo hidrológico na região”, aponta o engenheiro hidrólogo do Serviço Geológico do Brasil, Marcos Suassuna.

Além do rio Madeira, o rio Machado também teve o cenário alterado em poucos meses, saindo do menor nível já registrado, 6,04 metros, para 11,34 metros entre o final de 2024 e o início de 2025. A maior marca já registrada no rio Machado foi 18,85 metros, em 2019. Em Santa Luzia D’Oeste (RO), as aulas foram suspensas por tempo indeterminado porque os alunos da zona rural não conseguem chegar na escola.

(Por Jaíne Quele Cruz, Agaminon Sales, Cau Rodrigues — Porto Velho, Rondônia. Foto: divulgação/redes sociais)