Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Redenção

Sequência de seca e enchente força produtores gaúchos a abandonarem o campo

“Pai, onde é que estão as vacas?” – para o produtor rural Jonas Keisacamp essa é uma das perguntas mais difíceis de responder ao seu filho de 4 anos. “Isso é o que mais dói”, diz.

Jonas é um dos vários produtores que precisaram desistir da lavoura e recomeçar a vida do zero, depois das chuvas de maio no Rio Grande do Sul.

As tempestades começaram no dia 27 de abril e atingiram mais de 470 cidades, sobrecarregando as bacias de diversos rios, que transbordaram. Pelo menos 182 pessoas morreram.

Mas essa não foi a única vez que os agricultores entrevistados pelo g1 viram seus planos se desfazerem. Eles relatam que, desde 2019, já vinham produzindo menos por causa de secas.

Em janeiro de 2020, 28 municípios decretam emergência por causa da estiagem.

Em 2023, começaram as enchentes. Primeiro, em setembro, com a passagem do ciclone extratropical pelo estado. Depois, em novembro, causadas pelo excesso de chuva acumulado em todas as bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Sul do Paraná.

Estes eventos anteriores devastaram parte das áreas dos produtores. Então, o que foi destruído na tragédia de maio deste ano já era uma reconstrução.

Com financiamentos a pagar e sem ter de onde tirar dinheiro – uma vez que a fonte da renda foi levada pelas águas –, a população do campo não teve como arcar os custos de um novo plantio, de reconstruir as estruturas (de novo) ou de consertar os maquinários, por exemplo.

Para alguns, a única saída foi se mudar para a cidade, arranjar uma nova profissão e tentar recomeçar.

(Por Vivian Souza, g1. Foto: Arquivo pessoal/redes sociais)