Sábado, 19 de abril de 2025
Redenção

‘Mudança climática subterrânea’ vira ameaça invisível em grandes cidades pelo mundo

Sob as altas torres Art Déco do centro de Chicago, suas estradas e suas movimentadas linhas de trem e metrô, a terra está afundando — e não apenas pelas razões que você pode esperar. Desde a metade do século 20, o solo entre a superfície da cidade e o leito rochoso aqueceu 3,1°C em média, de acordo com um novo estudo da Northwestern University. Todo esse calor, que vem principalmente de porões e outras estruturas subterrâneas, fez com que as camadas de areia, argila e rocha sob alguns edifícios diminuíssem ou aumentassem vários milímetros ao longo das décadas, o suficiente para piorar rachaduras e defeitos em paredes e fundações.

— Ao seu redor, você tem fontes de calor — disse o autor do estudo, Alessandro F. Rotta Loria, caminhando com uma mochila pela Millennium Station, um terminal ferroviário suburbano abaixo do vibrante distrito de Loop, em Chicago. — São coisas que as pessoas não veem, então é como se não existissem.

Não é apenas Chicago. Nas grandes cidades em todo o mundo, a queima de combustíveis fósseis pelos humanos está aumentando os termômetros na superfície. Mas o calor também está saindo de porões, garagens, túneis de trem, encanamentos, esgotos e cabos elétricos, um fenômeno que os cientistas passaram a chamar de “mudança climática subterrânea”. (Por Raymond Zhong e Jamie Kelter Davis, The New York Times)