A liderança e ativista indígena Tuíre Kayapó Mẽbêngôkre morreu neste sábado (10) aos 57 anos. A informação foi confirmada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Kaiapó do Pará.
Tuíre enfrentava câncer no útero desde 2023 e recebia cuidados paliativos hospitalares em Redenção, no sul do Pará, segundo familiares. Ela deve ser sepultada na aldeia onde morava, a Gorociré, na Terra Indígena Kayapó.
Tuíre protagonizou uma cena que ficou mundialmente conhecida durante o Encontro das Nações Indígenas do Xingu de 1989, quando pressionou um facão no rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz. Ela protestava contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte e ficou conhecida como a mulher que parou a obra.
“Tuíre Kaiapó foi uma grande guerreira na defesa dos direitos dos povos indígenas, foi uma voz incansável na luta pela preservação da cultura e do território Kayapó. Sua dedicação e coragem inspiraram gerações e deixaram um legado inestimável”, comunicou o Dsei-Kayapó.
Momento histórico
Tuíre protagonizou uma cena que se tornou histórica na luta dos povos indígenas ao pressionar um facão que empunhava no rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz.
Na época, Tuíre tinha apenas 19 anos e falou língua do seu povo para protestar contra a construção. Segundo os indígenas, Belo Monte causaria um grande impacto ambiental na região. Depois disso, o projeto da usina ficou interrompido por dez anos.
Homenagens e despedida
Em Redenção, onde a ativista morreu, indígenas, principalmente mulheres, iniciaram as homenagens com uma cerimônia de despedida à liderança.
(Por Juliana Bessa, Jonathan Coimbra, g1 Pará e TV Liberal — Belém. Foto: Nailana Thiely)